Portal do Destino, um de muitos livros incríveis da Rainha do Crime

Portal do Destino é um dos muitos livros da Rainha do Crime, Agatha Christie, com personagens cativantes e uma história um pouco mais tranquila em comparação com a dos outros livros da autora que tive o prazer de ler até o momento.

Nesse livro acompanhamos o casal Tommy e Tuppence que já trabalhou com muitos outros casos quando mais novos (como o caso M ou N, muito citado ao longo do livro, o que me fez ficar com muita vontade de lê-lo logo), contudo agora já aos seus mais de 70 anos, o casal pensa apenas em terminar a reforma em sua nova casa e seguir com uma vida tranquila de aposentadoria. No entanto, Tuppence encontra em seu exemplar de "A flecha negra", um dos muitos livros que compraram nas mão dos antigos proprietários da casa, uma mensagem codificada que dizia "Mary Jordan não morreu de morte natural. Foi um de nós. Acho que sei quem foi.". E, assim, a curiosidade de Tuppence passa a ser uma investigação em que ela e seu marido tentam resolver um caso de assassinato que ocorreu antes mesmo da Primeira Guerra Mundial (o livro se passa nos anos 1970).

O livro não possui o estilo de investigação que estamos acostumados a encontrar nos livros da Agatha em que temos o Poirot como investigador, por exemplo. Em Portal do Destino lidamos com uma investigação muito mais calma, tendo um período de maior tensão apenas na segunda metade do livro, com Tuppence coletando informações com velhinhos do asilo da cidade na hora do chá e averiguando as outras pistas pela casa (como uma égua de balanço e enfeites de jardim), enquanto Tommy vai até Londres para conversar com seus antigos colegas de missões para tentar encontrar algo sobre uma moça chamada Mary Jordan que morreu em circunstâncias suspeitas.

Mesmo tendo uma investigação mais lenta e com tão poucas provas e evidências para os nossos protagonistas, a narração e história que a autora nos apresenta é tão bem construída e envolvente que você não consegue soltar o livro até descobrir o que aconteceu com a Mary Jordan a tanto tempo atrás e no que esse caso implica na realidade em que os nossos investigadores estão.

Os protagonistas são extremamente cativantes, especialmente Tuppence que se mostrou uma das minhas personagens preferidas, não apenas desse livro, e uma senhora que eu com certeza gostaria de conversar sobre livros e suas aventuras.

Além de todas essas coisas positivas, temos também nesse livro uma certa ambientação política no período em que o livro se passam, falando também sobre o alastramento do fascismo na Europa Pré-Segunda Guerra, em alguns diálogos que são muito interessantes, especialmente para quem gosta de história. Tendo até mesmo em um trecho um personagem secundário prevendo a existência da União Europeia.

Com certeza a parte que mais amei em todo o livro é quando somos apresentados a Hannibal, o cachorro do casal (sim, o cachorro de dois investigadores se chama Hannibal), o que tira risadas do leitor.

Em resumo, Portal do Destino é um livro policial muito bom com uma história e narrativa excepcional que indico para qualquer um, especialmente para aqueles que querem ter uma leitura um pouco mais tranquila e com personagens que te entretém e te cativam.